Star Wars Battlefront' agrada fãs, mas não é game memorável

Jogo recria filmes com fidelidade inédita, mas falta modo de jogo mais único.
Versão em disco de 'Battlefront' custa R$ 280 no PlayStation 4 e Xbox One.


Sabe aquele papo de biscoito que vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Uma lógica parecida pode ser usada para falar de "Star Wars Battlefront", novo game de tiro da saga espacial criada por George Lucas.

A questão é: são as regras e os conteúdos criados pela DICE ("Battlefield") que deixam as batalhas da primeira trilogia "Star Wars" ainda mais incríveis? Ou é a própria magia da guerra entre rebeldes e império que faz de "Battlefront" um game divertido?

G1 fica com a segunda opção. "Star Wars Battlefront" é um bom jogo e está de parabéns por reconstruir com fidelidade absurda várias cenas importantes dos primeiros filmes da série. É um baita serviço para os fãs, e aqui quem vos fala é um ávido pela história de Luke Skywalker e companhia.

Mas ao contrário de um "Knights of the Old Republic" da vida, falta uma sacada, um tipo de partida, mecânica ou traquinagem, que faça dele um game memorável e não somente um esquenta de até R$ 280 para o "Episódio VII". Assista ao vídeo acima.
'Battlefront' é um 'Battlefield' de 'Star Wars'?
Não, pô. Convenhamos que essa definição é bastante redutiva considerando o tamanho e a variedade de personagens, cenários e armas do universo de "Star Wars".

"Battlefront" parte sim do pressuposto de duas equipes de até 20 jogadores se enfrentando por terra e ar em campos de batalha enormes. Veículos e naves também podem ser usados e o caos é inevitável e imediato. Mas é equivocado dizer que ele é apenas uma 
versão intergaláctica de "Battlefield". Vem comigo.


Jogadores também controlam veículos em 'Star Wars Battlefront', como o andador AT-ST (Foto: Divulgação/Electronic Arts)Combates em 'Star Wars Battlefront' envolvem soldados, naves e veículos, como o andador AT-ST da imagem (Foto: Divulgação/Electronic Arts)
A força irá guiá-lo

Primeiro porque "Battlefront" é um game bem mais acessível que "Battlefield". Não há preocupação com físicas e trajetórias das balas; a variedade de armas é bem menor; e a personalização dos personagens é simples.

A construção do seu soldado antes das batalhas acontece a partir de um sistema de cartas de habilidades, que vão sendo desbloqueadas conforme os jogadores sobem de nível. Até três podem ser equipadas ao mesmo tempo, e elas garantem o uso de itens como granadas, escudos, jetpacks, e o acesso a melhorias temporárias, como uma mira mais precisa.

E é basicamente isso. Não há cartas suficientes para construir classes muito específicas para um modo de jogo, por exemplo, característica que praticamente virou padrão na era pós "Call of Duty 4: Modern Warfare" de games de tiro.


Combate entre naves é uma das partes mais divertidas de 'Star Wars Battlefront' (Foto: Divulgação/Electronic Arts)Combate entre naves é uma das partes mais divertidas de 'Star Wars Battlefront' (Foto: Divulgação/Electronic Arts)

Esse tipo de elemento, por outro lado, faz com que "Battlefront" seja convidativo para quem não está habituado ao gênero. Não é preciso pensar muito para ir para o pau e se divertir tostando uns rebeldes.

Outro ponto alto dessa acessibilidade é o controle sobre as naves: básico, intuitivo e rápido de pegar. Por isso, o modo "Esquadrão de caças", exclusivo de batalhas aéreas, é um dos mais divertidos do game. Quem não quer assumir o cockpit de uma X-Wing e caçar TIE Fighters nos céus de Tatooine?

Millenium Falcon
A segunda (e mais importante) diferença é simples, na verdade. "Star Wars" apenas é um dos maiores universos da cultura pop, capaz de exercer uma força (tu dum tss) absurda sobre os materiais que falam dele.

E quando essa riqueza encontra um tratamento à altura, é difícil dar ruim. O esmero da DICE na recriação de grandes cenas da trilogia original de filmes – e de todos os elementos que as compõem – é sem precedentes e, não tenha dúvida, a maior qualidade de "Star Wars Battlefront". Esse certamente é o game de "Star Wars" mais fiel aos filmes que você irá jogar.


Aliança Rebelde e Império batalham na Lua de Endor em 'Star Wars Battlefront' (Foto: Divulgação/Dice)Aliança Rebelde e Império batalham em Endor em 'Star Wars Battlefront' (Foto: Divulgação/Electronic Arts)

Da batalha gelada de Hoth ao combate de guerrilha de Endor, tudo tem um nível de detalhes elevadíssimo que atinge em cheio o coração dos Jedis de plantão. Das texturas usadas na reconstrução do pedaço de lixo mais rápido da galáxia à maneira desengonçada com que os Stormtroopers correm; do som que as TIE Fighters fazem quando aceleram ao comprimento dos lasers disparados pelas armas – "Battlefront" foi desenhado para remeter fielmente à memória que você tem dos primeiros filmes.

Esse é um feito fantástico, já que nada aqui é inédito. "Episódio I – Uma nova esperança" data de 1977, mas tudo em "Battlefront" traz um brilho especial, uma camada de cuidado que até então não havia sido vista em nenhum outro jogo de "Star Wars".

Não são poucas as vezes em que você para de correr no meio da bagunça só para observar a chuva colorida de tiros cruzando o céu de Sullust. Ou sente aquele frio na espinha quando um dos seis heróis nasce no mapa – uma forma que a DICE encontrou de chancelar as batalhas do game com alguns dos ícones de "Star Wars".

Você pode controlar vários personagens famosos de 'Star Wars' em 'Battlefront', como o maior vilão de todos os tempos, Darth Vader (Foto: Divulgação/Electronic Arts)

Abre parênteses. Até para surgir como Luke Skywalker, Han Solo, Princesa Leia, Darth Vader, Boba Fett ou Imperador Palpatine o game dá uma aliviada. Não é preciso emendar uma série de abates sem morrer, como seria normal em outro game. Basta pegar o item do herói que aparece de tempos em tempos no mapa. Fecha parênteses.
Com um trabalho desses, a impressão é que "Battlefront" poderia ser um jogo de peteca que ainda assim iria atrair os fãs dos filmes.

Então ele é só para os fãs mais devotos?
Não, mas ajuda bastante. Isso porque "Battlefront" não vem com um modo campanha para apresentar o universo aos desavisados. Não há um fio condutor narrativo que explique quem é Aliança Rebelde e quem é Império.

Então precisa rolar de cara o mínimo de conexão e/ou interesse prévios em "Star Wars". 

Além da disposição em encarar um game quase que 100% multiplayer – modelo de negócio que não deu muito certo em games como "Evolve" e "Titanfall".

O que existe são as chamadas missões, em que até duas pessoas jogam em tela dividida ou pela internet modos de jogo competitivos e cooperativos. "Batalhe" é um mini mata-mata em equipe, enquanto "Sobreviva" lembra o modo "Horda" de "Gears of War". Ambos divertem, mas a sensação de viver a experiência incompleta de "Battlefront" é evidente.


'Star Wars Battlefront' pode ser jogado em perspectivas diferentes, em 1ª e 3ª pessoas (Foto: Divulgação/Electronic Arts)
'Star Wars Battlefront' permite jogar em tela dividida com um amigo, mas a área nobre do game certamente fica em seus modos multiplayer online (Foto: Divulgação/Electronic Arts)

O multiplayer tradicional evidentemente é a área nobre do game, e no total são nove modos diferentes. "Ataque dos Walkers", bastante mostrado nos últimos meses, é um destaque. 

Enquanto a Aliança Rebelde precisa controlar pontos no mapa para bombardear os andadores AT-AT, o Império deve lutar para defender suas armas de quatro patas. É um ritmo de vai e vem frenético até o último segundo, o que deixa as partidas eletrizantes.

Já "Supremacia" é a batalha padrão, de 20 jogadores contra 20, mas existem alguns outros modos menores, que vão desde variações de "Rei do pedaço" – controle certas áreas do mapa e pontue – a um embate entre um herói contra uma tropa de inimigos. Tem opções para todo mundo.

Que a Força esteja com você
Nenhuma delas, porém, traz aquele banho de frescor, aquele brilho nos olhos, aquela falta de ar que você espera ter ao entrar na sala de cinema para assistir "Episódio VII – O despertar da força".


Combates entre Snowspeeders e AT-ATs no planeta gelado de Hoth também estarão em 'Star Wars Battlefront' (Foto: Divulgação/Dice)Combates entre Snowspeeders e AT-ATs no planeta gelado de Hoth também estão em 'Star Wars Battlefront' (Foto: Divulgação/Electronic Arts)

"Star Wars Battlefront" não é um jogo ruim, veja bem. A obra da DICE traz uma sensação muito gostosa de jogar e participar de momentos importantes dos filmes, em uma escala inédita. Mas a expectativa era que ele tivesse mais personalidade, fosse mais chocante, capaz de deixar sua marca entre os games de tiro atuais. Falta um modo de jogo que bate no peito e fala: "Battlefront" é grande.

As poucas opções de personalização de classes podem afastar quem procura uma experiência mais completa em games de tiro em primeira pessoa, como nos uberpopulares "Call of Duty" e "Battlefield". E a ausência de uma campanha para um jogador pode dar a "Battlefront" um falecimento precoce, como no já citado "Titanfall": um game enormemente popular em seus primeiros meses, mas que depois viu sua comunidade de jogadores caindo vertiginosamente.

Toda essa equação de custo benefício é reforçada pelo preço do game no Brasil, um dos maiores nos últimos anos. A versão em disco de PlayStation 4 e Xbox One custa oficialmente R$ 280, enquanto que a versão digital sai por R$ 230. No PC, "Battlefront" custa R$ 120.

Sempre há tempo para rechear essa experiência com mais conteúdo. Aquele que, tomara, coloque "Battlefront" em um andar mais alto de nossas mentes. E isso de fato pode acontecer. A Electronic Arts já anunciou que o passe de temporada de "Star Wars Battlefront", que custa até R$ 200 adicionais, terá quatro novos modos de jogo, 16 mapas inéditos e mais de 20 armas/itens/veículos.

Tem ainda uma jogada de marketing esperta. Em dezembro, "Battlefront" irá ganhar um mapa da Batalha de Jakku, acontecimento importante para o "Episódio VII" que não aparece no filme.

Então sim, há formas de restabelecer o equilíbrio da Força. De fazer de "Star Wars Battlefront" um game memorável, e não somente um esquenta bem salgado para "O despertar da força". Mas mais do que nunca, tudo depende de quantos midichlorians você está disposto a gastar.

Fonte: G1
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